Cinco dias após confessar as mortes do médico Renan Tortajada, 35 anos, e do conselheiro social Alexan Carlos Goes, a travesti Sabrina Medeiros, Guilherme da Costa Alves, 26, levou a equipe de investigação ao paradeiro de outros dois corpos, Everton Josimar de Oliveira, 36, e Fernandes Nunes de Araújo, 50. Assumiu que também tirou a vida de ambos a pedradas a pauladas.

Assim como Renan, Everton foi enterrado em uma cova rasa no interior do bosque Uirapuru, no centro de Umuarama. Ele estava desaparecido desde 9 de janeiro último. O cadáver de Fernandes, visto com vida pela última vez em 11 de fevereiro, foi encontrado em uma área rural nas proximidades da avenida Portugal.

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Neste mesmo dia, imagens do circuito de câmeras do município mostram Guilherme e Fernandes juntos, na moto da vítima, uma Twister. Três dias depois (15/2), Guilherme é flagrado novamente por câmeras, desta vez sozinho, conduzindo a motocicleta. O criminoso veste camiseta azul, calça preta e tênis.

O traje é idêntico ao que o rapaz usou no final da semana passada, quando parou em um posto de combustíveis de Mariluz para abastecer o carro do médico, após matá-lo em Umuarama.

Até então o assassino não admitia outros crimes além do médico e da travesti. Porém, ao ser confrontado com o conjunto de provas, decidiu fazer a confissão. Nada, portanto, foi por acaso. Houve um conjunto de técnicas e de inteligência muito bem empregadas por parte da equipe policial para chegar à trágica revelação.

A moto de Fernandes foi encontrada em uma oficina mecânica em Umuarama. Depois de certo tempo, o proprietário do estabelecimento confirmou que o veículo foi levado por Guilherme.

O jovem de 18 anos, morador de Goioerê, detido na companhia de Guilherme no último domingo (19) afirmou que estava na cidade para negociar a Twister oferecida pelo amigo e que não sabia que era produto de roubo. O jovem foi liberado após o depoimento. A polícia entendeu, naquele momento, que ele não tinha ligação com as mortes.

Os policiais buscam agora a moto de Everton Josimar de Oliveira. A PC chegou a autoria de Guilherme também neste assassinato pela semelhança com o desaparecimento de Fernandes e coleta de múltiplas informações nesta fase de avanço do inquérito.

Para a equipe que desfaz o novelo de crimes de Guilherme, ainda não é possível determinar a real motivação dos crimes, tampouco a ligação entre o assassino e as vítimas. Entre os investigadores, há o entendimento de que somente uma após uma avaliação psiquiátrica será possível saber quando Guilherme fala a verdade e quando mente.

Assassino desfaz versão de que conhecia médico
Guilherme relatou que as vítimas foram mortas porque ele acreditava que elas estavam lhe perseguindo, a serviço de outros criminosos que tentavam matá-lo por dívidas de droga. Segundo o assassino, mudando a versão anterior, esse também foi o motivo pelo qual matou o médico Renan e o conselheiro Alexan.

Agora Guilherme assumiu que não conhecia e não mantinha qualquer tipo de relacionamento com o médico e que não houve desentendimento por causa de R$ 200. Tampouco houve programa sexual entre ambos. Renan Tortajada pode ter sido morto por estar no lugar e na hora errados. A perícia no celular do profissional ajudará a comprovar a veracidade da informação.

Buscou Alexan na rua
Outra mudança de versão foi quanto ao local de execução de Alexan. Inicialmente, Guilherme afirmou que a travesti foi morta dentro do Bosque Uirapuru ao vê-lo enterrando o corpo do médico. Agora, reiterou que encontrou Alexan em outra parte da cidade, usando o carro do médico, e o matou em uma área nos fundos do bairro San Marino. De fato, no local foi encontrada uma peruca loira, que seria de Alexan, a Sabrina.

Essa versão, a mais confiável, foi trazida com exclusividade por OBemdito após ouvir uma amiga de Sabrina, que diz ter visto o momento em que ela entrou no carro com Guilherme. A também travesti disse que já tinha feito programa com o rapaz e que ele, ao término da relação, assumia um perfil extremamente agressivo. Uma vez tentou matá-la com um canivete no pescoço.

Renan e Alexan, que não tinham qualquer tipo de ligação, foram mortos na madrugada do último sábado (18). O médico saiu de casa em Toledo para a residência dos pais, em Maringá, onde passaria o Carnaval. No trajeto, passou por Umuarama.

Real motivação dos crimes
Em nota à imprensa, os delegados que estão à frente do caso disseram que “tanto a primeira versão como as novas versões (de Guilherme) estão sendo apuradas pela Polícia Civil, que aguarda o resultado de outras diligências ainda em curso e também o término dos trabalhos da Policia Científica para avaliar qual seria a real motivação de todos esses crimes e a dinâmica dos fatos”.

E acrescentaram: “Importante ressaltar que, pelo apurado até o momento, nenhuma dessas mortes possui ligação. Tratam-se de crimes autônomos, praticados em datas e locais distintos. Por fim, esclareça-se que até o momento não há informações de outras mortes que tenham sido praticadas pelo mesmo autor”. Esta possibilidade, porém, não está totalmente descartada.

Portal Guaíra com informações do OBemdito