Região – Ataques de piranhas nas praias da Costa Oeste deixam banhistas em alerta

(Fotos: Sandro Mesquita/OP)

Com o calor e as altas temperaturas registradas na região, as prainhas da Costa Oeste, banhadas pelo Lago Itaipu, têm atraído muitos veranistas, que buscam lazer, diversão e sossego. No entanto, um fator tem tirado a tranquilidade dos banhistas: os recentes ataques de piranhas. As informações são do O Presente.

Segundo dados do Corpo de Bombeiros, na primeira fase da Operação Verão Costa Oeste 2021/2022 foram registrados cerca de 20 incidentes com piranhas na região dos municípios lindeiros. “Foram contabilizados 24 incidentes. Destes, 22 foram na praia de Itaipulândia. Os outros dois foram registrados em Santa Helena”, conta o subcomandante da operação, Luis Augusto Negoseki.

Isso acontece porque a época em que os balneários recebem mais visitas coincide com o período de reprodução desta espécie de peixe, que fazem ninhos na água para cuidar de si e dos filhotes.

De acordo com o subcomandante, os ataques de piranhas geralmente acontecem no período da tarde. “É o horário em que tem um número maior de banhistas nas praias. São mordidas únicas, nos pés ou no calcanhar do indivíduo, que caracterizam uma atitude de defesa”, menciona.

Negoseki diz que normalmente as lesões são superficiais, como uma arranhadura comum. “Em caso de ferimentos mais profundos a recomendação é procurar um médico. E vale salientar que os animais não transmitem doenças, parasitas, zoonoses ou vírus”, ressalta.

Em média, são registrados dois ataques por fim de semana nas prainhas da Costa Oeste, informa o subcomandante. No entanto, segundo ele, a tendência é aumentar. “À medida que o nível do rio vai baixando, a área de banho invade a área de desova. Por isso, orientamos que os banhistas permaneçam dentro da área permitida e sinalizada com as boias”, enaltece.

Comparativo

Em comparação com o ano passado, o número de ataques aumentou. Durante toda a Operação Verão Costa Oeste 2020/2021 houve quatro registros de incidentes e desta vez já são 24. Negoseki observa, contudo, que em 2021 apenas três postos estavam ativos na região devido ao baixo movimento nas praias por conta da pandemia de Covid-19. “Atualmente são sete postos ativos e um fluxo maior de pessoas. Ou seja, menos pessoas circulando nas praias, menos incidentes com piranhas”, pontua.

O que diz a Itaipu

Procurada por O Presente, a Itaipu Binacional se manifestou acerca do ataques. “A desova acontece em ambientes mais protegidos de predadores. Ou seja, próxima das margens. Isso evita com que as piranhas sejam atacadas por peixes maiores. Também pode ocorrer perto das plantas aquáticas ou pedras. Não é hábito delas atacar mamíferos. Os principais alimentos são escamas e nadadeiras de outros peixes”, expôs, em nota.

A variação do nível do reservatório também interfere no comportamento das piranhas. “Nesta época do ano, em condições de níveis mais baixos de água, a distribuição das plantas aquáticas nas partes mais rasas pode mudar. É justamente quando há maior incidência de ninhos”, menciona a binacional.

Como essas espécies tendem a procurar locais mais abrigáveis para colocar seus ovos, a orientação é evitar locais em que a água está mais turva, onde há maior aglomeração de pessoas, orienta a Itaipu. “Evite também locais próximos às plantas aquáticas, pois são ambientes onde as piranhas tendem a fazer seus ninhos”, alerta.

Balanço da Operação Verão

Em quase um mês de Verão Paraná – Viva a Vida (2021/2022), foram feitas 1.846 advertências, 4.890 orientações e 18 crianças perdidas, sendo destas dez apenas em Santa Helena.

Não houve óbitos em áreas protegidas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o único ocorrido nas praias de água doce da região foi fora do horário de atendimento dos guarda-vidas e em local proibido. A morte por afogamento foi registrada na praia nova, no Balneário Terra das Águas, em Santa Helena.

Os dados estão no balanço da corporação divulgados no último domingo (09) e compreendem o período de 10 de dezembro de 2021 a 05 de janeiro de 2022.

Reservatório

No reservatório de Itaipu há duas espécies nativas de piranhas. A piranha amarela (Serrasalmus maculatus) e a piranha branca (Serrasalmus marginatus). A piranha representa menos de 2% do número de peixes capturados em amostragens no reservatório e aparece mais no final da primavera e início do verão. A maioria das piranhas já identificadas pela Divisão de Reservatório de Itaipu não passa dos 15 centímetros. Vivem em pequenos cardumes de até 20 indivíduos, embora não exibam comportamento de caça em grupo.

Comportamento

Uma mãe protegendo seus filhos de invasores. Essa é outra maneira de compreender os ataques das piranhas a banhistas nas prainhas lindeiras ao Lago de Itaipu. “No verão as larvas e juvenis dessas piranhas estão crescendo e os pais exibem certo cuidado da prole. Assim, quando se sentem ameaçadas, elas atacam para se defender”, explica o doutor em Ciências Ambientais, com ênfase em Ecologia em Ambientes Aquáticos Continentais, Gilmar Baumgartner.

Segundo ele, o período reprodutivo das piranhas acontece entre setembro e março. “Ao contrário do que muitas pessoas pensam, as piranhas da nossa região não são agressivas por natureza. Os ataques registrados são uma forma de defesa, principalmente de mães defendendo os filhotes. Quando nascem os filhotes, os pais ficam cuidando deles para que cresçam até um tamanho em que possam se defender sozinhos”, comenta o especialista, que é professor do curso de Engenharia de Pesca e das pós-graduações em Ciências Ambientais e Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste).

É possível conviver em harmonia?

Apesar da característica de “sobrevivência” da espécie que os ataques representam, o doutor em Ciências Ambientais avalia que é possível a convivência entre banhistas e piranhas. “Seria necessário retirar as plantas aquáticas, principalmente as submersas, das redondezas das prainhas. Essa medida reduziria a presença destes peixes nas áreas de banho”, salienta, pontuando que a região do balneário corresponde a uma pequena área se comparada ao reservatório como um todo, o que “não vai interferir na reprodução de qualquer outra espécie”.

O procedimento, conforme Baumgartner, já foi realizado em algumas prainhas do reservatório de Itaipu, entretanto, é oneroso. “Como orientação às prefeituras, que são as detentoras dos direitos de explorarem as áreas de prainhas, sugerimos que, no período que antecede a temporada de veraneio, realizem esta manutenção, que poderia ocorrer em conjunto com a própria Itaipu. Inclusive, o rebaixamento do nível das águas facilitaria a remoção destas plantas. Esta ação reduziria em muito os possíveis ataques aos banhistas e, assim, encorajaria mais gente a utilizar esses ambientes de lazer”, salienta.

As informações são do O Presente

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