Surgidos na esteira das manifestações populares de 2013 e dos protestos que resultaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff, movimentos que defendem a renovação da política brasileira planejam lançar aos menos duas dezenas de candidatos às eleições de 2018 no Paraná. O “Agora!”, nacionalmente ligado ao apresentador de TV Luciano Huck, e os grupos “Acredito”, RenovaBR e Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) estão entre os grupos que pretendem entrar diretamente na disputa pelo poder no Estado. Para isso, porém, terão que se associar a partidos legalmente constituídos, o que corre o risco de colocar em xeque o discurso crítico às siglas tradicionais que é comum nesses movimentos.
São organizações que contam com financiamento privado para oferecer formação política a pessoas que nunca ocuparam um mandato. Os selecionados optam se querem de fato se candidatar. A filiação partidária é livre. Recentemente, REDE, de Marina Silva, e PPS, de Roberto Freire, assinaram um acordo de cooperação com o Agora. Mas há pessoas ligadas a outros partidos que integram os grupos.
Há também o Livres, autoproclamado “primeiro partido plataforma do Brasil”. Até o ano passado incubados no Partido Social Liberal (PSL), “como uma startup”, o grupo afirma ter 28 mil filiados no movimento pela atualização da política. Os membros deixaram o partido depois da aproximação do presidenciável Jair Bolsonaro, que praticamente ocupou a direção da legenda. Os integrantes devem se filiar a vários outras legendas em abril. Há dois paranaenses entre as lideranças; Carlos Sviontek, de Curitiba, presidente estadual do Livres e que também integra o Raps; e Juacksonm Cabañas, de Foz do Iguaçu, que também é bolsista do RenovaBR. O Livres ainda não definiu se haverá mais candidatos no Estado.
Dissidentes – No campo da esquerda, dissidentes do PSTU formaram o Mais (Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista), por entenderem que havia limites programáticos no partido, por demonstrar suposta incapacidade de se integrar aos movimentos de massa. Hoje, o Mais é uma corrente do PSOL e pretende unificar organizações socialistas no Brasil. “Uma preocupação nossa é dialogar com os novos movimentos e métodos que surgem no mundo, por exemplo “Ocupy”, “Junho de 2013”, etc. Sem abandonar nossa estratégia socialista”, afirma Marcelo Locatteli, integrante do grupo em Curitiba.
Nacionalmente o grupo assumiu a linha de frente na construção da candidatura de Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), como presidenciável pelo PSOL. No Paraná, o grupo deve definir os nom es indicatos às eleições ainda em março.
O Acredito no Paraná tem “vagas” para uma pessoa indicada para candidatura à Câmara Federal e três à Assembleia Legislativa. O “processo seletivo” está em andamento e os nomes devem ser aclamados em abril. O RenovaBR tem cinco integrantes na primeira turma de formação no Paraná: Diogo Busse, filiado ao PPS e ligado ao movimento Agora; Jackson Cabañas (ligado ao Livres); Luis Lelis (PSDB); Natalie Unterstell (sem partido, ligada ao Agora); e Neto Gnatta (REDE). Todos têm entre 25 e 37 anos e recebem bolsas que variam de R$ 5 mil a R$ 12 mil para que possam se dedicar à formação política.
A proposta difere de movimentos que se autodeclaravam apartidários, atualmente pulverizados e alguns enfraquecidos e até extintos. O movimentos que nasceram na esteira da crise econômica, da Operação Lava Jato e do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, como Vem Pra Rua, Curitiba Contra Corrupção, Mais Brasil Eu Acredito e outros, já não devem ter a influência esperada nas eleições deste ano.
QUEM É QUEM
O perfil dos movimentos políticos surgidos após junho de 2013:
Livres – grupo programático de centro-direita que migra entre partidos
Mais – grupo programático de esquerda que migra entre partidos
Agora – grupo de formação política de centro-direita
RenovaBR – grupo de formação política de centro
Acredito – grupo de formação política de centro
Raps – grupo de formação política de centro
Movimento Brasil Livre – grupo de engajamento de direita
Vem Pra Rua – grupo de engajamento de direita
Frente Brasil Popular – reúne mais de 40 movimentos sociais e sindicatos de esquerda.
CWB Resiste – movimento formado na maioria por jovens, estudantes, integrantes do Mais e do PSOL, contrários ao governo de Michel Temer. O grupo surgiu com o nome “CWB Contra Temer”.
Portal Guaíra com informações do Bem Paraná